terça-feira, 25 de maio de 2010

Ao Mercado

Cortamos caminho par uma viela estreita dos fundos. Por toda a parte há crianças. As mulheres fazem sua lavagem diária de roupas, estendendo a roupa em longas hastes de bambu que são então suspensas para o outro lado da viela, de gradil a gradil. Vamos abaixando-nos e desviando o corpo para passar pela roupa estendida.

Mais perto do mercado, aumentam as multidões. O costume é fazer compras diárias, um hábito secular, muito embora a refrigeração doméstica se torne cada vez mais comum. Por volta de meados da manhã o mercado ficará superlotado de pessoas, e a carne, o peixe e os legumes já terão sido bem comprados. Estou contente de termos chegado cedo.

O mercado de Ch’ang Ch’un Lu (Estrada da Primavera Eterna) dificilmente pertence à família dos supermercados — não há fileiras de itens reluzentes, enlatados, empacotados e congelados. Antes, o mercado principal possui um teto grande, em estilo de pavilhão, abrigando para mais de sessenta pequenas barracas que vendem tudo na linha de alimentos frescos. Lá fora, dezenas de pequenas barracas se alinham por ambos os lados do Ch’ang Ch’un Lu.

“Vamos comprar primeiro a carne de porco”, diz a Sra. Ch’un.

Oh, sim. Prepararemos carne de porco agridoce.

Olhe bem para essas barracas de carne! Lombo, quartos dianteiros, tiras de gordura, ossos e miúdos se acham pendurados diante de nossos olhos! Estão ali para escolhermos, apertarmos, sentirmos e levarmos o que quisermos.

A Sra. Ch’en escolhe um pedaço de lombo de fina contextura, de cor rosa claro e aparência tenra, pedindo um “chin” (pronuncia-se “gin”). Um chin equivale a cerca de seiscentos gramas. Cada chin é dividido em dezesseis liang. O açougueiro usa uma balança romana. Nossa carne é pendurada num gancho perto da extremidade mais curta enquanto o açougueiro move o cursor pelo braço maior até atingir o equilíbrio. Vamo-nos com um chin de lombo de porco embrulhado numa folha de bananeira e amarrado firme com uma tira de capim.

Em seguida, a Sra. Ch’en passa a escolher os melhores legumes de todos. Precisamos de cebolas, gengibre e espinafre para a sopa de galinha e espinafre. O repolho e os cogumelos frescos comporão a salada de legumes que escolhemos para complementar a carne de porco agridoce. Segue-se certo pechinchar, e economizamos algum dinheiro nos cogumelos. Noto que parece ser costume pechinchar.

Precisamos de algumas frutas, mas isso é do lado de fora, junto à rua. Filas penduradas de galinhas e patos já preparados se alinham pela nossa via de saída. Há também grandes cestos de vime cheios de aves barulhentas, cocorocando e grasnindo para as pessoas que desejarem comprá-las vivas. Compramos um pedaço de peito de galinha para usá-lo em nossa sopa. Ao partirmos, noto que certa senhora escolhe alguns peixinhos vivos de um tanque raso de água, cheio de peixes e enguias, todos se contorcendo e mexendo sinuosamente nos últimos momentos em que estão juntos.

Do lado de fora, escolhemos tangerinas e metade de uma grande melancia que nos deixa com água na boca, em uma das barracas de frutas. A melancia, comenta a Sra. Ch’en, dará o exato sabor correto como sobremesa em nossa refeição.

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