sexta-feira, 28 de maio de 2010

Baiacu — peixinho que ganhou má reputação

Do correspondente de Despertai! no Japão

“UM PEIXINHO todo agitado mordeu o anzol. Quando o puxei, um aldeão amistoso garantiu que ele era realmente delicioso. Mas era pequeno demais, de modo que o lancei de volta ao mar. Só depois descobri que, se eu tivesse preparado e comido o tal peixinho espinhoso, aquela poderia ter sido minha última refeição.”

Esse recém-chegado ao Japão havia pescado um baiacu, uma iguaria local. Os apreciadores pagam de 50 a 160 dólares por pessoa para uma refeição completa com baiacu. No entanto, os baiacus contêm um veneno chamado tetraodontoxina, concentrado no fígado, nos ovários, nos rins e às vezes na pele. Dez mil unidades camundongo, talvez o que caberia na cabeça dum alfinete, causam a morte duma pessoa de tamanho mediano.

Embora existam umas 100 espécies de baiacus no mundo, todas empregam a tática do inflamento. Inalando água para dentro duma bolsa especial localizada no esôfago, esse peixe de aparência comum expande-se, assumindo a forma dum temível globo, coberto de espinhos afiados que desanimam qualquer predador que pense em engoli-lo. Sua aparência transformada pode atemorizar um inimigo, ou ele pode expelir a água, a fim de obrigar uma ardilosa “refeição” a sair do seu esconderijo no arenoso leito submarino. Assim, são muito apropriados os seus nomes em inglês: puffer (soprador), globefish (peixe-globo) e blowfish (peixe-assopro).

Atualmente o baiacu todo ano ceifa algumas vidas. Quem sabe preparar o baiacu salienta, porém, que a maioria dos casos é de amadores que tentam prepará-lo sozinhos.

O baiacu ganhou atenção internacional quando os japoneses tentaram introduzir essa iguaria nos Estados Unidos. Negou-se permissão de importação, e a mídia rotulou-o de “peixe assassino”, afirmando que comer baiacu é fazer um “jantar em desafio à morte”. Afirmação válida?

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